PRIMEIROS PASSOS DA AUDIÇÃO
Há algum tempo atrás, os bebês recém nascidos eram mantidos em quartos escuros e silenciosos, demoravam a abrir os olhos a interagir com pais que sussurravam perto deles.
Que bom que esse comportamento caiu em desuso!
A ciência colaborou com essa mudança trazendo estudos que mostram que o ouvido já está pronto antes do nascimento. As etapas de respostas a sons seguem um padrão de maturação. Fisiologicamente, a cóclea humana possui função auditiva normal após a vigésima semana de gestação (Russo e Santos,1994).
E o Barulho da Gestação também pode já ser um Estímulo
Isto significa que o feto escuta os sons no período intra uterino, como o fluxo sanguíneo nos grandes vasos da mãe, as batidas de seu coração, seus movimentos intestinais, sua voz, quase tão intensos como uma rua movimentada.
Eles demonstram escutar e respondem com sobressaltos, rotação da cabeça e do tronco, além de um aumento da frequência de batimentos cardíacos (Northen e Downs, 1989).
A memória Auditiva do Bebê Recém-Nascido
O bebê recém-nascido traz consigo uma memória auditiva de pelo menos quatro meses. Após o nascimento também notamos que há uma memória auditiva quando o feto gira o rosto para o lado da voz da sua mãe.
A familiaridade com a voz da mãe faz com que o bebê esteja, logo ao nascer, mais atento aos sons humanos do que aos sons não humanos (Figueiredo,2001).
Com a maturação do sistema nervoso auditivo, a audição do tipo reflexa presente ao nascimento, vai sendo inibida, conforme as experiências auditivas vão se desenrolando.
O bebê já não chora quando o telefone toca, já antecipa a chegada do pai quando escuta o barulho das chaves na porta.
Imerso num mundo sonoro que vai sendo significado com a ajuda da mãe, a compreensão vai se desenvolvendo, permitindo a aquisição e desenvolvimento da linguagem e a inclusão social.
A Audição
Os órgãos dos sentidos nos mantém em contato com o mundo a nossa volta e nos permitem interagir com ele. A audição em especial, é um sentido ativo 24 horas por dia que orienta e alerta a criança, permite adquirir linguagem e possibilita a segurança e conforto emocional, mesmo em situações de escuro ou sem contato visual com a mãe.
O bebê sabe que a mãe se ocupa dele, apenas por escutar o tilintar da mamadeira. Da mesma forma, adormece com tranquilidade ao escutar uma cantiga.
Antes mesmo de compreender as palavras da língua, o bebê reage à entonação da fala da mãe e compreende perfeitamente a comunicação não verbal contida em sua prosódia (a música da fala). A audição é canal desta tão importante e precoce comunicação, via de reforço do vínculo mãe bebê e importante fator de segurança emocional da criança em desenvolvimento.
Acompanhar o Desenvolvimento da Audição, É Importante!
Sendo assim, compreender suas etapas de maturação a fim de poder identificar quando as reações auditivas não acompanham o desenvolvimento esperado é de extrema importância. Sempre que houver dúvidas o Fonoaudiólogo deverá ser consultado e exames e avaliações poderão ser realizadas desde muito cedo, ainda no bebê.
A atuação precoce estimulando o desenvolvimento da audição nos casos de risco pode ser fundamental para o bem estar emocional, a interação social, o desenvolvimento da linguagem e posterior aquisição da leitura e escrita, enfim para o desenvolvimento global da criança.
Maria José Lopes de Andrade é fonoaudióloga graduada e com especialização em Distúrbios da Comunicação Humana na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), com Aprimoramento em audiologia clínica pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e no Sistema Verbotonal de reabilitação da audição e da fala. Atua no grande ABC desde 1986 e é responsável pelo setor de audiologia da CLIA Psicologia Saúde e Educação.