Infantilização, seu filho não consegue se virar sozinho, o que deve ser feito ?
Adotar uma prática de fazer reunião de pais para alunos que se encontram na Universidade, significa revelar as consequências de uma educação infantilizada, ou seja, cresce o número de indivíduos em idade adulta cada vez menos autônomos, aparentemente “mimados” e declaradamente infantilizados, pois não podem passar por frustrações e enfrentar o seu próprio percurso, precisam de alguém que os defenda, ao invés de procurarem seu próprio rumo e defenderem suas próprias causas.
– Qual é a importância para o adolescente de ter autonomia da sua própria vida?
A importância está na independência a ser adquirida, pois um indivíduo só se torna verdadeiramente adulto a partir do momento que adquire sua independência financeira e emocional. Hoje vemos pais “superprotetores” querendo adiar este processo, pelo simples fato de manter os filhos embaixo de suas asas. A postura familiar tem total influência na formação da personalidade e na preparação desse adolescente para assumir as responsabilidades e enfrentar o mercado de trabalho.
– O que os pais podem fazer para ajudar filhos sem autonomia? Esse é um processo progressivo? Deve ser conduzido de que maneira?
A família é em primeira instância, o alicerce de desenvolvimento dos jovens, antes de ingressar no mundo social, produtivo e adulto. A escola está assumindo cada vez mais, um maior papel na formação, mas ainda é dos pais a maior responsabilidade sobre sua prole. É na família que se educa para a vida e educar significa muito mais do que proporcionar bens e informações, é preparar para ser um cidadão crítico que saiba agir diante das situações propostas.
Só a educação formal atribuída pelas escolas e universidades não garante a estruturação do caráter de um indivíduo. É a educação informal, dada pela família que estruturará a índole e dará uma base sólida para um desempenho social apropriado.
Não é o poder aquisitivo que formará um indivíduo, mas sim a estrutura familiar sólida através do diálogo, do amor, do limite e da disciplina.
– Pode me dar alguns exemplos práticos que mostram pais dando autonomia para seus filhos?
Exemplos simples como delegar as responsabilidades do dia-a-dia de acordo com a faixa etária. Ensinar uma criança a guardar o seu brinquedo é um caminho para formação desta autonomia, pois cresce consigo o sendo de ordem e organização.
Outro exemplo, é ensinar a criança a resolver seus próprios conflitos na escola, ao invés de enviar bilhetes à professora com intuito de resolver pelo filho algo que é dele.
– Por outro lado, quais erros os pais devem evitar cometer? Por quê? Quais desses são mais cometidos?
Educar é deixar ir… Ir para o mundo… É confiar ainda que o coração permaneça apertado. Infantilizar os filhos minando as iniciativas de autonomia é arrancar princípios indispensáveis à construção de um ser humano em formação e consequentemente não permitir seu lugar e espaço no mundo.
Privar o filho de suas próprias buscas, conflitos, desafios e dificuldades significa colher medos e inseguranças que acarretarão em um jovem sem iniciativa e nada autoconfiante, características essenciais nas novas gerações que se auto afirmam no discurso e no exemplo.
– A partir de qual idade os adolescentes podem começar a tomar suas próprias decisões? Por quê?
A criança pode ser educada a tomar suas próprias decisões quando já entende o poder de escolha. Ao invés de fazer por ela, delegar o ato orientando-a é um ótimo exercício para tomada de decisões.
Instruir a parar, pensar e somente depois agir são passos na construção da autonomia para decidir futuramente. Dizer a criança: “você tem dois caminhos, se escolher este pode ter isto e isto como consequência e se escolher o outro, suas consequências poderão ser estas. Esse processo incentivará o poder de tomada de decisões na vida adulta.
– E qual é o limite dessa autonomia? Os adolescentes são independentes até que ponto? Quando os pais devem interferir?
Regras claras e de acordo com a faixa etária devem ser incorporadas. Limites no momento certo levarão qualquer adolescente a saber até onde pode ir e quando poderá desafiar seus pais.
A intervenção deve acontecer no processo de formação do caráter e então não será preciso atravessar sua vida adulta para colocar os limites que não chegaram no momento certo.
– Por que alguns pais costumam proteger demais os filhos? Por que para eles é tão difícil deixar o filho se tornar independente?
Porque são super protetores e querem poupar seus filhos das frustrações da vida, sem saber a consequência negativa que isso trará para a vida deles. A dificuldade talvez esteja em deixar crescer, em criar para o mundo e não para si.
– O que pode ajudar os pais a entender o fato de que o filho está crescendo e precisa se tornar independente?
A escola pode ajudar, pois pode apontar as necessidades da faixa etária, pode indicar leituras adequadas e desenvolver atividades que evidenciem este crescimento. Assim como pode incentivar a autonomia solicitando que os pais incentivem seus filhos a resolver seus próprios conflitos.
Vanessa Cristina Guilhermon Rodrigues
Psicopedagoga especializada em Neuropsicopedagogia. Coordenadora Pedagógica e Orientadora Educacional no ESI. Professora há 22 anos, atuando em Educação Infantil e Fundamental. Experiência em aulas particulares para ensino Fundamental e Médio. Experiência em Informática Educacional na preparação de aulas para Ensino Infantil e Fundamental. Experiência no Sistema de Ensino Positivo. Possui vivência em novos métodos de avaliação de desempenho de alunos em processos sem atribuição de notas. Trabalha com a abordagem pedagógica sócio-construtivista, que procura levar o aluno a construir seu conhecimento a partir de sua própria experiência. Elabora Projetos para Oficinas Vocacionais. Psicóloga esportiva com atuação em equipes. Docente do Colégio São Francisco do Ensino Fundamental I
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