Casos de autismo sobem para um a cada 68 crianças
No fim dos anos 1980, uma a cada 500 crianças era diagnosticada com autismo. Hoje, a taxa é uma a cada 68. O significativo aumento chamou atenção até da ONU (Organização das Nações Unidas), que classificou o distúrbio como uma questão de saúde pública mundial. Mas, afinal, o que fez com que aumentasse tanto o número de crianças diagnosticadas?
Uma série de fatores, mas a mudança na maneira de diagnosticar o autismo é uma delas. Até meados dos anos 1990, para ser considerada autista, a criança precisava não interagir socialmente nem se comunicar. Depois foi considerado que ela precisava ter alguma alteração na qualidade da comunicação e da interação social em comparação com outras da mesma idade.
Com isso, houve uma expansão no diagnóstico. Ao mesmo tempo, houve um grande aumento do conhecimento sobre o transtorno, tanto entre os médicos quanto na comunidade em geral. No fim dos anos 1990, as pessoas passaram a falar mais sobre autismo, as famílias de autistas criaram grupos para discutir o assunto. E quanto mais se fala, mais o autismo passa a ser reconhecido pelos médicos e pelas famílias.
Quais são as Primeiras Manifestações do Autismo ou Autista ?
1 – Os estudos mostram que a primeira manifestação do autismo é a anormalidade no contato visual. Crianças dentro do espectro, mesmo pequenas, têm pouco interesse ao olhar para pessoas. Elas preferem observar objetos e, quando olham para indivíduos, tendem a focar no corpo e na boca. Enquanto as crianças típicas olham primariamente para os olhos para entender a carga emocional do olhar.
2 – O atraso na fala não é necessariamente o primeiro sintoma, mas quase sempre é o mais percebido pelos pais. A família identifica que tem algo errado com a criança e a leva a um pediatra, mas a maioria desses profissionais não são capacitados para se atentar aos primeiros sintomas do autismo. Muitos têm uma conduta mais expectante: ‘Vamos esperar mais um pouquinho, tem criança que demora mais para falar mesmo’. E isso atrasa o diagnóstico.
3 – Outro sintoma do autismo é a falta de resposta quando a criança é chamada pelo nome e a falta de atenção conjunta. Pais se queixam de que entram no quarto, o filho está brincando e continua, como se eles não estivessem ali. Outro exemplo: se a criança vem no consultório pela primeira vez, eu entro na sala e ela segue brincando como se nada tivesse acontecido também não é normal. A reação da criança típica é olhar para a pessoa desconhecida e, na sequência, para os pais, para ler se ela deve ter medo ou se sou uma pessoa amiga. Essa é a base do déficit de interação social do autista: ele não se preocupa com o acontece à sua volta.
Como é feito o Tratamento do Autismo ou Autista ?
O tratamento do autismo é multifuncional e precisa englobar tanto a família quanto a escola para ter maior chance de sucesso. Quanto mais precoce é o diagnóstico e o tratamento, melhor o prognóstico da criança no futuro.
Não existe um medicamento para os sintomas principais do transtorno, mas alguns sintomas ‘alvo’, que não fazem parte do problema, mas atrapalham a vida do autista –como agressividade, insônia e agitação, podem ser tratados com remédios.
Além disso, a criança também é submetida a tratamentos para as áreas de deficiência. A fonoaudióloga vai trabalhar as questões de linguagem. Os terapeutas ocupacionais, a questão da hipersensibilidade. Já os terapeutas comportamentais fazem uma intervenção chamada de ABA [Terapia Aplicada de Análise do Comportamento, em livre tradução do inglês] para desenvolver com a criança o contato visual, a capacidade de imitar, de apontar, de prestar atenção nos outros.
Qual escola Escolher para meu Filho com Autismo ou um Autista ?
Com relação à escola, as instituições regulares não podem recusar a matrícula de crianças autistas e precisam se preparar para as adaptações que forem necessárias. Para os casos de autismo mais grave, a escola precisa arcar com tutores para fazer a intermediação dos conteúdos ministrados na aula. Mas há pacientes com altas habilidades em algumas áreas, acima da média até. E é preciso aproveitar essas potencialidades e investir nisso para que ele possa ter um emprego no futuro e uma vida independente.
O autismo é uma desordem de desenvolvimento, isto é, verifica-se ao longo do tempo. Por esta razão, manifesta-se de diferentes maneiras em diferentes idades.
Por isso, a tarefa de diagnóstico é um desafio. No entanto, em geral, as crianças com autismo têm dificuldades socialmente em interagir com os outros, parecem menos interessadas nas pessoas ao seu redor e quando há alguma interação, muitas vezes, é estranha ou inadequada. Seus padrões de comportamento, em geral, são repetitivos, restrito e rígido. Devido às suas dificuldades sociais, as crianças têm problemas de aprendizagem em ambientes tradicionais.
Quanto mais cedo Diagnosticar seu Filho com Autismo Melhor!
Quanto mais cedo o diagnóstico é feito, os serviços de intervenção podem ser colocados em prática. Isso ajuda a reduzir a gravidade dos sintomas da criança e permite o desenvolvimento de forma mais natural. Se uma criança é diagnosticada tardiamente, programas de intervenção pode ter menos sucesso no tratamento.
O autismo é geralmente reconhecido como sendo um distúrbio genético. Muitos fatores, como a idade dos pais, têm sido propostos como potenciais gatilhos, porque eles estão correlacionados com a incidência de autismo. No entanto, a correlação não necessariamente significa a causa.
Fatores como agentes tóxicos em nosso solo, ar e água podem influenciar, por exemplo, no desenvolvimento cognitivo – no entanto, não há evidência convincente de que esses fatores provocam o distúrbio. Além disso, o mito de que as vacinas produzem autismo tem sido perpetuada pela falta de pesquisa científica, e as pessoas geralmente acreditam, já que o transtorno, às vezes, se manifesta logo após a aplicação.
A comunidade médica recomenda que todas as crianças sejam vacinadas, a menos que exista uma razão incontestável para a não vacinação, como uma grave desordem do sistema imunológico da criança.
Quais são os principais desafios que os pais de filhos autistas enfrentam?
Em primeiro lugar, eles devem aprender tudo o que puderem sobre o autismo e entender que é uma condição ao longo da vida do filho. Em segundo lugar, devem aprender novas formas de educar e reconhecer que eles são os principais professores da criança. Por último, precisam recrutar todos os apoios sociais que podem para ajudá-los na criação, incluindo a assistência extra familiar e educacional.
O autismo é uma condição muito complexa. Eu não espero uma cura em breve. Uma cura primária implicará compreender mais sobre a base genética dessa condição e o papel dos genes específicos em seu desenvolvimento. Até então, temos de confiar em intervenções médicas e educacionais existentes e recentemente desenvolvidas.
Quais são os primeiros sinais do autismo numa criança?
Segundo o DSM-V, o transtorno do espectro autista é definido pela presença de déficits em três domínios: interação social reciproca, comunicação e linguagem e comportamentos repetitivos, limitados ou estereotipados com inicio antes dos 3 anos de idade.
Os primeiros sinais do autismo podem ser identificados já nos primeiros meses de vida, como a dificuldade do bebe em sustentar o olhar do outro e na interação social reciproca, dentre outros e é importantíssima a identificação precoce do autismo pois os estudos científicos já comprovam o melhor prognostico da intervenção precoce.
– Autismo pode ser hereditário?
Existem indícios de fatores hereditários incidirem na ocorrência do autismo, mas há muitas controvérsias com relação as causas do autismo. Porém, é inquestionável entre os especialistas, a complexidade do quadro Artísitico, a multiplicidade de fatores que mostram-se concomitantemente presentes na ocorrência do autismo, de ordem psíquica, ambiental, biológica e possivelmente genética e a necessidade de intervenções múltiplas no tratamento.
– Com que frequência no Brasil e no mundo são diagnosticados casos de autismo?
A incidência de casos de autismo vem crescendo ao longo dos anos, não sabe-se ao certo o porquê mas tanto a maior conscientização e possibilidades de diagnostico como a ampliação do espectro autista vem impactando com altos números encontrados, Pesquisa realizada em 2010 pelos estados Unidos, aponta uma prevalência de 1 para cada 68 crianças com oito anos de idade, sendo 4 a 5 meninos para uma menina.
Em 2006, eram de 1 para cada 110 crianças. Um aumento media de 56% comparado aos números encontrados em 2002. No Brasil os estudos epidemiológicos são mais recentes e apontam para uma prevalência de 0,3%, dos 12 milhões de habitantes na cidade de São Paulo e 40000 casos de autismo.
– Que médico é preciso procurar na dúvida dos primeiros sinais?
O pediatra é o médico que está na atenção primaria aos bebês e crianças, e deveriam ser estes os primeiros a identificarem os primeiros sinais de autismo e realizar o encaminhamento para psicólogos, psiquiatras e neurologistas. Porem, pelo grande volume de trabalho e a necessidade de realizar consultas mais rápidas para atender a demanda, estes sintomas muitas vezes passam despercebidos.
O ideal é que as crianças consideradas de risco ao nascer (prematuras, com internações precoces, nascidas com baixo peso, nascidos com síndromes ou com problemas no parto), folhos de emas adolescentes, bebes adotivos ou qualquer outra criança que inspire preocupação nos pais passem por uma consulta e façam acompanhamento com uma equipe interdisciplinar (com psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, por exemplo) que possa identificar estes sintomas o mais cedo possível e encaminhar para as intervenções adequadas.
Não ha remédios para o autismo, mas a intervenção precoce permite comprovadamente um melhor diagnostico com avanços nas três áreas afetadas: linguagem e comunicação, interação social reciproca e comportamentos estereotipados.
– Como é o processo de diagnóstico? Quais exames são feitos e por que?
O diagnóstico é essencialmente clinico, e comumente norteia-se pelos critérios estabelecidos por DSM-IV (manual de Diagnostico da Sociedade Norte-americana de psiquiatria) e pelo CID-10 (classificação Internacional de Doenças da OMS), não havendo exames laboratoriais que detectem a presença do espectro autista.
Porém, existem instrumentos padronizados que facilitam a identificação de sinais de risco para autismo, como questionários, roteiros de observação do desenvolvimento infantil e indicadores de risco psíquico que oferecem a médicos e psicólogos a possibilidade de identificar precocemente sinais de risco desde o primeiro mês de vida, o que é importantíssimo pois a intervenção precoce é fundamental para um melhor prognostico e para uma atuação na linha da prevenção primaria e secundaria.
– A partir que idade é preciso ter mais atenção aos primeiros sinais?
Deve-se estar atento ao desenvolvimento do bebe desde o seu nascimento, sem fazer disso um peso. Afinal, é natural que os pais, em especial a mãe nos primeiros meses de vida, sintam quando algo não vai bem com bebe, ou que ele não responde como deveria, não a olha, não interage.
Mais uma vez reforço, quanto mais cedo forem detectados os sinais de risco de autismo, mais precocemente inicia-se a intervenção e melhor o prognostico da criança.
Ana Paula Magosso Cavaggioni
Psicóloga Clínica
Clía Psicologia
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