Matéria publicada no portal UOL analisa esta tendência.
Depois da Geração X, com pessoas nascidas entre 1965 e 1981, vieram os “Millennials”, ou Geração Y, que vieram ao mundo entre 1981 e 1996. Os períodos variam de acordo com o pesquisador consultado, mas, em geral, millennials são aqueles nascidos no período final do século XX.
Mesmo eles, acostumados à tecnologia desde o berço, estão cansados de tanta tela e virtualidade. Isso porque a pandemia afetou as relações sociais e nos obrigou a adotar meios de contato virtuais e tecnológicos. Se por um lado nos aproximou das pessoas durante o isolamento, por outro trouxe um esgotamento das telas e do contato através da escrita.
No mundo virtual, o tempo é instantâneo, diferente do tempo real. Ninguém dá conta de manter inúmeras conexões e mensagens, o que provoca cansaço físico, mental e emocional. E são exatamente os millennials os primeiros a redescobrir as vantagens do contato presencial.
A comunicação instantânea do WhatsApp pode gerar ansiedade devido ao uso constante e ininterrupto, com excesso de informações. Ao se manter online, a pessoa está, em tese, disponível. A aversão ao uso do aplicativo é causada pela obrigação de responder na hora e pela sensação de superficialidade das relações.
O WhatsApp provoca uma ilusão de disponibilidade, pois a pessoa que envia fica esperando por uma resposta, mesmo que o outro não possa ou não queira conversar naquele momento. Este “acesso 24 horas” não é normal e pode causar desentendimentos. Isso sem falar que a conversa ao vivo exige atenção e gera reações inexistentes no papo virtual, como expressões faciais.
Vivemos numa sociedade imagética, marcada pelo narcisismo. Diante disso, a fadiga das telas do WhatsApp seria um preço a pagar, pois somos atormentados o tempo todo pela suposta imagem que transmitimos aos outros. No mundo virtual, a pessoa pode ser quem quiser, então por que correr o risco de estragar uma relação “ideal” em um encontro presencial? Como podemos conectar sem encontrar, recebemos diversas demandas a qualquer momento. Afinal, relações pessoais demandam tempo e atenção. Nas redes, conseguimos “editar” a vida real.
As amizades no WhatsApp aumentam a sensação de ser amado e aceito em comunidades virtuais, e mais tempo acaba sendo dedicado a essas interações. Entretanto, essa janela de possibilidades também dificulta a verdadeira socialização e agrava sintomas da depressão, ansiedade e estresse. Para manter o equilíbrio, é importante definir objetivos para o uso do aplicativo, desativar algumas notificações e buscar relações pessoais mais próximas.