Quando devo Começar a Tratar meu Filho com Autismo?
“Buscar o tratamento desde a infância é fundamental para a qualidade de vida da criança e sua família”
O transtorno do espectro autista é uma condição que atinge 1 em cada 160 crianças. Essa estimativa representa um valor médio, uma vez que a prevalência observada varia consideravelmente entre os diferentes estudos. No entanto, em alguns estudos bem controlados, números significativamente maiores foram registrados. A prevalência de TEA em muitos países de baixa e média renda ainda é desconhecida, de acordo com a Associação dos Amigos do Autista (AMA).
A partir do último Manual de Saúde Mental, que é um guia de classificação diagnóstica publicado pela Associação Americana de Psiquiatria, o autismo e todos os distúrbios – incluindo o transtorno autista, transtorno desintegrativo da infância, transtorno generalizado do desenvolvimento não-especificado (PDD-NOS) e síndrome de asperger – fundiram-se em um único diagnóstico chamado transtornos do espectro autista (TEA).
O que é TEA ? (Transtorno do Espectro Autista)
O TEA é um grupo de condições caracterizadas por algum grau de alteração do comportamento e comunicação social e por um repertório restrito, estereotipado e repetitivo de interesses.
Saber lidar com essas condições e buscar tratamento desde cedo pode fazer toda a diferença na qualidade de vida de uma pessoa com autismo.
Tratamento do Autismo Quanto Antes Melhor!
O tratamento intensivo e precoce, é essencial para melhorar a qualidade de vida de um autista. Se ele passar por um diagnóstico correto, se fizer uma intervenção baseada em evidências científicas quando criança, poderá ter uma vida saudável, uma vida melhor. Quanto mais cedo buscar ajuda, melhor será a vida do autista.
Níveis de gravidade do TEA de acordo com o DSM-5
Nível 1 — Leve
As pessoas com nível leve de autismo, em relação à interação e comunicação social, apresentam prejuízos, mas não necessitam de tanto suporte. Têm dificuldade nas interações sociais, respostas atípicas e pouco interesse em se relacionar com o outro.
Em relação ao comportamento, apresentam dificuldade para trocar de atividade, independência limitada para autocuidado, organização e planejamento.
Nível 2 — Moderado
As pessoas com nível moderado de autismo, em relação à interação e comunicação social, necessitam de suporte substancial, apresentando déficits na conversação e dificuldades nas interações sociais, as quais, muitas vezes, precisam ser mediadas.
Em relação ao comportamento podem apresentar dificuldade em mudar de ambientes, desviar o foco ou a atenção, necessitando suporte em muitos momentos.
Nível 3 — Severo
Os indivíduos com nível severo de autismo, em relação à interação e comunicação social, necessitam de muito suporte, pois apresentam prejuízos graves nas interações sociais e pouca resposta a aberturas sociais.
Em relação ao comportamento, apresentam dificuldade extrema com mudanças e necessitam suporte muito substancial para realizar as tarefas do dia a dia, incluindo as de autocuidado e higiene pessoal.
Além desses fatores, outros critérios específicos para o diagnóstico de autismo são: prejuízo intelectual e de linguagem, condição médica ou genética, outras desordens do neurodesenvolvimento ou transtornos relacionados.
Cuidar Apenas do Autista? Precisa de Um Envolvimento de Toda a Família!
A família do autista também sofre com o transtorno, muitas vezes por não saber como lidar ou a quem procurar. Quando uma criança é diagnosticada com transtorno do espectro autista, a família toda também se torna parte do autismo, porque mexe em toda dinâmica da família. Então não adianta cuidar apenas da criança autista, tem que centrar a intervenção na família. A participação de todas as partes envolvidas faz a diferença.
Avaliação e acompanhamento para identificação precoce de sinais risco para autismo
A identificação precoce de bebês com risco de desenvolver um quadro autístico é importante visando a uma intervenção também precoce que procure recuperar ou minimizar os efeitos do transtorno autístico e diminuir o sofrimento da criança e da família. Garantir um programa de intervenção precoce (antes dos cinco anos de idade), poderá reduzir a severidade dos sintomas.
CID-10 e o DSM 5 conseguem diagnosticar bem o Autismo?
O diagnóstico de autismo é clínico e deve ser feito por equipe especializada. A investigação ocorre por meio da observação da criança e conversa com pais e familiares.
No primeiro ano de vida é possível detectar alguns sinais: contato visual empobrecido, ausência de balbucio ou gestos sociais, não responder pelo nome quando chamado e a comandos simples, mas ocorre também em outras áreas do desenvolvimento como o brincar, a imitação e questões sensoriais.
O médico especialista que fará o diagnóstico baseado nas conversas com pais e na observação desses sintomas, organizados no DSM-V.
Mesmo quando houver apenas a suspeita e não o diagnóstico confirmado, o tratamento é indicado da mesma forma.
Atualmente, dispomos de outras ferramentas que nos permitem verificar a presença de sinais de risco para o autismo e também para outras psicopatologias da infância e adolescência especificas para bebês desde 15 dias de vida até os 3 anos de idade. A avaliação é realizada de forma individualizada, por membros da equipe interdisciplinar, e os instrumentos selecionados de acordo com a necessidade e a idade de cada criança.
Dentre os instrumentos disponíveis destacamos:
- Escala Bayley de Desenvolvimento Infantil
- Indicadores de Risco de Desenvolvimento Infantil (IRDI)
- Questionário Preaut
- Childhood Autism Rating Scale – CARS
- Autism Behavior Checklist -ABC
- Autism Diagnostic Interview-R – ADI-R
- Autism Diagnostic Observation Schedule – ADOS
- Modified Checklist for Autism in Toddlers – M-CHAT
- Autism Screening Questionnaire -ASQ
- Escala d´Avaluación dels Trests Autistes, ATA
- Sistema PROTEA-R de Avaliação do Transtorno do Espectro Autista – PROTEA
- Perfil Psico Educacional Revisado – PEP-R… dentre outros
Regiane A. Crippa
Fonoaudióloga
Clía Psicologia
www.cliapsicologia.com.br