A Ludoterapia é um ramo da psicologia, uma técnica psicoterápica de abordagem infantil que se baseia no fato de que brincar é um meio natural de expressão da criança de seus sentimentos, ansiedades, angústias e fantasias inconscientes. Durante as sessões de ludoterapia é dada a oportunidade de a criança expressar os seus sentimentos e problemas através da brincadeira, como os adultos fazem através da fala.

As crianças adoram brincar, e as atividades realizadas na sessão de Ludoterapia tem uma função terapêutica. Sendo assim, o brincar, por fazer parte do cotidiano infantil, auxilia a criança a se expressar, a conhecer a si mesma e faz com que o terapeuta entenda os seus problemas emocionais e possa ajudá-la.

Normalmente, a terapia é indicada quando identifca-se um sofrimento emocional (manhas, birras, dificuldades de sono e alimentação, choro intenso, doenças de repetição, etc), dificuldades nas relações interpessoais (com outras crianças, pais, familiares, etc.).

Quando em idade escolar, podem ocorrer queixas como notas baixas na escola, brigas em casa e mudanças comportamentais.

As sessões são feitas em um espaço físico em que a brincadeira está à disposição da criança. Elas duram em média 50 minutos, e não há idade específica para começar o tratamento.

Como funciona a terapia através dos jogos?

Desde que o psicanalista Sigmund Freud estabeleceu o simbólico na psiquê dos indivíduos, a ludoterapia vem sendo estudada e adotada pela forma de abordagem sutil.  Isso permite que a criança possa representar as apreensões, memórias e sentimentos represados do seu mundo interior.

Para se trabalhar de maneira adequada esta forma de terapia é preciso ter recursos de jogos (jogos de tabuleiro, construção, móbile e outros) e um repertório de brincadeiras (utilizando bonecos, bichos de pelúcia, carros diversos, ferramentas, etc.) adequadas ao objetivo que se pretende e adequados à idade do paciente.

Além disso, usa-se papéis, lápis de cor, lápis de cera, giz colorido, canetas coloridas para a livre expressão do traço e desenho da criança. Esses objetos possibilitam que ela transmita aquilo que a angústia traz dentro de si.

Por meio do ato de brincar a criança se desenvolve nos aspectos motor, emocional e mental estabelecendo novos parâmetros para relacionar-se consigo, com os outros e com o mundo que a cerca.

Por isso, a ludoterapia não pode ser concebida como o “brincar pelo brincar”, e sim como uma abordagem assertiva do terapeuta direcionado ao desenvolvimento da criança nas questões que se apresentam como fatores a serem tratados ou despertados.

Saiba quais são os benefícios da ludoterapia

Um dos benefícios iniciais da Ludoterapia é o desenvolvimento do vínculo de confiança que a criança estabelece com o terapeuta. Como parceiro de “brincadeiras”, a confiança desenvolvida permite à criança transmitir suas inseguranças e receios no brincar.

O reconhecimento das regras do jogo e das suas transgressões também desenvolve a auto expressão infantil. Fato que auxilia na exploração da personalidade e do caráter intrínseco da criança verbalizado durante a sessão terapêutica.

O terapeuta trabalha para que a criança possa compreender seus próprios sentimentos e desenvolver suas habilidades ao lidar com o outro. Afinal, empregando o faz de conta, a criança é direcionada a representar papéis e personagens com os quais têm que lidar no dia a dia e que podem ser objeto de conflito.

Como o vocabulário infantil pode ser limitado devido a pouca idade e o brincar possibilita à criança construir significado para as relações vivenciadas, durante a  da observação da relação da criança com o lúdico, o terapeuta identifica as brechas que podem permitir um questionamento esclarecedor para alguns pontos apresentados.

Qual a importância de observar as representações das crianças na ludoterapia?

Crianças aprendem a brincar desde bebês, pois para elas é praticamente natural e instintivo. Tudo começa bem cedo, principalmente se isso for incentivado e houver com o que a criança interagir em seu ambiente natural.

Por exemplo, existe uma observação expressiva do bebê com o móbile do berço. Ele observa as cores, os sons e formas e isso que começa na infância vai até a vida adulta.

As brincadeiras são expressões da cultura social a qual a criança está inserida e são meios de aprendizado e de busca pelo divertimento. À medida que representa vários papéis durante o brincar, a criança desenvolve sua compreensão do mundo e de outros papéis a sua volta como pai, mãe e irmãos.

A comunicação simbólica infantil durante as brincadeiras traz para o consciente (exterior) o que estava travado no seu interior (inconsciente), um conteúdo importante que permite que o terapeuta possa entender a criança e trabalhar os pontos sensíveis e que requerem o desenvolvimento da criança.

O aprender brincando

Para entender melhor a ludoterapia, basta pensar que a expressão de bebês e crianças se dá por meio da sua relação com os brinquedos, brincadeiras e desenhos (que fazem parte da sua rotina e/ou que as deixam à vontade).

Durante as sessões, a criança desenvolve sua criatividade e sua imaginação ao explorar novos papéis e seus aspectos: sua capacidade de atenção e detalhamento aos pontos relevantes é exercitada, bem como seu raciocínio lógico de compreensão das regras e a sua habilidade relacional.

Além disso, a ludoterapia desenvolve o modo com que a criança lida com frustrações e atitudes agressivas quando ela perde durante jogos competitivos e ao ter que colaborar com o outro, por exemplo. Por todas essas razões, a ludoterapia se estabeleceu como uma terapia de resultados junto às crianças.

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